20/08/2025

Entenda o que é Swift, o sistema financeiro global

Por: Matheus dos Santos
Fonte: Folha de S. Paulo
Com a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Alexandre de Moraes e a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros,
cresce o temor de que o Brasil seja alvo de novas sanções e retirado do sistema
de pagamentos internacional Swift.
Como mostrou a Folha, antes mesmo de o tarifaço entrar em vigor, bancos
começaram a buscar orientações de escritórios de advocacia nos Estados
Unidos para se prevenir de eventuais sanções do governo Trump contra o
sistema financeiro brasileiro.
Na semana passada, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario
Durigan, se reuniu com o chefe global de assuntos corporativos do Swift,
Hayden Allan. Durante a reunião, Hayden teria assegurado que o Brasil não
estará sujeito a sanções unilaterais de países específicos.
Já na última segunda-feira (18), o ministro Flávio Dino decidiu que ordens
judiciais e executivas de governos estrangeiros não têm efeito no Brasil até que
o Supremo as homologue, ou seja, decrete sua validade, buscando blindar
Moraes das sanções financeiras.
Entenda o que é o Swift e quais as chances de o Brasil ser retirado do sistema.
O Swift conecta hoje 11,5 mil instituições financeiras em mais de 200 países e
é responsável por transações em diversas moedas, permitindo a troca de
informações e instruções de pagamento entre instituições financeiras do mundo
todo.
Os bancos utilizam o sistema Swift para enviar mensagens padronizadas sobre
transferências de valores entre si, transferências de valores para clientes e ordens
de compra e venda de ativos.
Cada banco participante possui um código Swift único, também chamado de
código BIC, que identifica a instituição na rede.
O mecanismo é considerado fundamental para o sistema internacional
financeiro e permite que as instituições financeiras transacionem em qualquer
moeda, a depender do acordo feito entre elas.
QUAIS PAÍSES JÁ FORAM EXCLUÍDOS DO SWIFT?
Em 2019, o Swift suspendeu o acesso de alguns bancos iranianos à sua rede. A
medida se seguiu à imposição de sanções ao Irã pelos Estados Unidos.
Em 2022, bancos russos foram cortados do Swift por conta da guerra da
Ucrânia. A punição foi aplicada após decisão da União Europeia.
Em termos práticos, ser removido do Swift significa que os bancos de um
determinado país não podem usá-lo para realizar ou receber pagamentos junto
a instituições financeiras estrangeiras para transações comerciais.
Segundo o chefe global do sistema Swift, Hayden Allan, o mesmo não deve
ocorrer com o Brasil, pois uma decisão neste sentido depende da anuência do
bloco europeu.
O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, classificou a
reunião com Hayden como "excelente" e disse ter reafirmado o papel do Brasil
como "um país soberano, democrático e autônomo, que respeita todos os
países e exige reciprocidade".
NOVAS SANÇÕES CONTRA O BRASIL PODEM INCLUIR O
SWIFT?
Na última semana, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) falou
na possibilidade de o Brasil ser alvo de novas sanções em entrevista ao jornal
britânico Financial Times.
"Sei que [Trump] tem uma série de possibilidades em sua mesa, desde sancionar
mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de retiradas de vistos, até
questões tarifárias", disse Eduardo ao jornal.
Eduardo tem se reunido com autoridades do governo Trump e previu
corretamente no início deste ano que Washington imporia amplas sanções ao
ministro Alexandre de Moraes, relator do caso envolvendo Jair Bolsonaro (PL).
A apreensão na indústria financeira se dá pela tensão comercial entre Brasil e
EUA. Representantes do setor também mencionam a investigação comercial
do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), que traz riscos
de sanções de difícil reversão e citou o Pix como uma possível prática desleal.
Entretanto, como disseram à Folha, o setor ainda considera impensável uma
trava no Swift.
Questionado sobre o tema, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT),
condenou rumores de que o sistema financeiro seja alvo das sanções.
"O Brasil vai ser tratado como um país em guerra, como a Rússia? Você vai
tirar do Swift por causa do Pix? Não tem sentido. Se tirarem as instituições
brasileiras das instituições de pagamento dos Estados Unidos por causa disso,
será uma ação absolutamente desproporcional", afirmou.